Sou um saudosista. Penso no meu passado. Viajo até lá. Rearticulo o que aconteceu. Tento tirar mais uma casquinha do que houve de bom. Só não me atrevo a soltar o que vivi de ruim. Observo de longe. Nisso sofro com o que poderia ter sido e com o que foi. Tento sempre reaprender algo.
Nisso de pesar pelo que não foi, uma resposta certeira, uma escolha mais impulsiva ou uma expectativa mais explorada, meu modo sofrência desperta. Que caos! Começo a achar o que não devia. Crio teorias mirabolantes. Transformo em bagunça um presente em plena ordem.
Mas, tenho que colocar na minha cabecinha teimosa que a vida é perfeita como tem que ser. A vida nos traz aquilo que precisamos para aprender. É isso que nos dizem a todo o momento. Se a gente sofre, é para aprender. Se a gente sorri, é para, de alguma forma, aprender também. Não podemos crer em uma vida inexplicável. Não podemos adotar cegueira e acreditar que as coisas são estanques, invariáveis, imutáveis, para sempre, por, simplesmente, serem. Sem porquês. Sem significados. Sem o objetivo de nos tornar melhores.
E 2016 foi um aprendizado e tanto. Uma bola de neve com tudo o que se tem direito. Foi daqueles anos que não esquecemos, mesmo que queiramos. Toda a vez que o relembrarmos sentiremos as dores e as alegrias que nos trouxe. Alguns dizem que poderia ter sido pior, mas, digo, imediatamente a isso, que foi como deveria ser. Até o primeiro dia desse ano, lembro bem, 2015 era o mais dos tenebrosos dos anos. 2014, 2013, 2012 e assim por diante, também haviam sido. E a cada ano vamos colocando esse título merecidamente na tentativa de dizer “bem, o próximo ano será melhor, tenho certeza” como um sopro de esperança para aquilo que ainda vamos viver.
E o que poderia ter ocorrido de diferente para ser melhor? Talvez menos trash? Quem sabe menos down? Menos dor? Menos retrocessos? Menos guerra de todos os lados, virtual ou real? Bom, ao menos tudo o que esteve ao nosso alcance, tudo o que foi em excesso, deveria ter sido freado. Afinal, não é culpa de um ano (por mais clichê que isso seja). Muito do que acontece parte de nós, das nossas escolhas, das nossas vontades.
A vida acontece como tem que ser. Com a gente vivendo esses 365 dias que nos são dados de bandeja. A vida é uma viagem (louca) que tentamos programar. Com todos os cuidados. Com todas as nossas vontades. Faz planos. E, muitas vezes, consegue. Em outras, não.
Ela tem início, meio e fim. E o meio disso tudo é o que realmente importa. Aquilo que vivemos e aprendemos dolorosamente ou não. É o caminho, o percurso. Todos dizem. É nele que a gente vive, joga-se e acanha-se. Tenta de todas as maneiras encontrar motivações para seguir. Briga. Ama. Corre. Odeia. Chora. Grita. Bate o pé. Fica bem. Vai aos extremos. Tudo o que se tem direito. Tudo como deve ser. Tudo o que a gente desejar.
Mas a vida é teimosa. E ela está certa em nos tirar de uma inércia que muitas vezes não nos faz bem. De não ficar paradinha contando com a nossa (nada) boa vontade. Se ficarmos sem ação, ela age como bem entender. Bem faz ela. Arrasta-nos para onde desejar, joga no primeiro ônibus que chegar. Sem dó.
E no final de tudo, a vida é partir. Partir para o amanhã. Partir para o necessário. Viver para mudar. Desbravar o que o temos medo. Que é logo ali, é aqui. Como se estivéssemos em uma rodoviária a espera do próximo ônibus que nos levaria para o destino decidido por nós. E, nós, fazendo escala, fazendo escola de vida, em cada local que chegamos, deixamos um pouco de nós e levamos um pouco dos outros. Porque, afinal, é isto que realmente importa: tudo aquilo que aprendemos nesse meio tempo. Não podemos nos queixar daquilo que nos propomos viver. A vida é para quem se atreve a dançar na chuva. Do contrário, observar o espetáculo, não tem graça.
Enfim, Tiago Iorc canta na música Alexandria “vamos atrás de um pouco de paz” e, depois desse tumulto que foi o ano de 2016, concordo de juntos buscarmos isso. De paz e algo a mais. Mais consciência daquilo que fazemos, já que o ano, seja ele 2016 ou 2017, é apenas um meio, caminho, feito por todos nós.
Esse texto é de "Thomaz Cunha" Do Blog: http://thocunhaescreve.blogspot.com.br
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Desejo a todos uma Feliz Ano! Feliz Vida!
E como, tão bem escreveu "Thomaz Cunha"
e canta "Tiago Iorc"...
"Vamos atrás de um pouco de paz!!!"
Um abraço e sempre muita luz!